Mais um dia dos namorados chegou e, como em todas as datas comemorativas assim, a gente decidiu falar de amor. Não é segredo para ninguém que no nosso meio não é comum encontrar pessoas apaixonadas por futebol e isso se dá porque o futebol nunca foi, e ainda não é, um esporte convidativo para a comunidade LGBTQ e por isso não é tão fácil pra gente encontrar alguém que, assim como nós, ame futebol e sobretudo, ame o Athletico.
Mas sim, alguns de nós tirou a sorte grande de encontrar um amor que também dividisse o amor pelo futebol, alguns de nós até conseguiu alguém para dividir o amor pelo Athletico e neste Dia dos Namorados resolvemos retratar a história de amor de alguns integrantes da Furacão LGBTQ que são apaixonados pelo Athletico e dividem a vida com perfis diferentes de “torcedores”.
Um casal que compartilha o amor incondicional ao Athletico
Yasmin tem 29 anos e é dentista, Lethycia também tem 29 anos e é estudante. Ambas são namoradas e toparam contar pra gente como é possível ter sorte no amor e no jogo!
A relação delas com o Athletico se iniciou quando ainda eram crianças. O primo levava Yasmin e seus irmãos ao estádio, enquanto Lethycia ia à Arena com seu pai e seus tios. No decorrer do tempo, o amor pelo Athletico só foi crescendo.
Elas contam que o namoro começou em 2014 e desde então vão juntas ao estádio e evitam ao máximo faltar aos jogos. Yasmin, sócia há mais de 12 anos, incentivou Lethycia a se associar novamente. “Vamos na Arena, assistimos aos jogos em casa, viajamos para assistir o Athletico, fazemos churrasco quando não dá pra viajar”, disseram.
Perguntado ao casal sobre os jogos mais marcantes, responderam que uma das histórias que mais as marcaram foi a viagem à Buenos Aires para ver Athletico e Boca Juniors. “A realização do sonho de ver nosso Furacão jogar na Bombonera, a vibe no estádio foi sensacional; e o fato de ser nossa primeira viagem para o exterior juntas para ver o Athletico”, foram alguns dos motivos indicados por elas que tornaram a viagem tão especial. Mas nada se compara a odisseia que foi acompanhar o Furacão no Beira Rio na final da Copa do Brasil, uma história que Yasmin compartilhou com a gente.
“O Athletico abriu a compra de ingressos para a final de forma inesperada. Me lembro de estar na aula da Pós quando vi que a venda de ingressos tinha sido iniciada. Acordei a Lethycia e uma amiga. Todos conseguiram comprar o ingresso, e eu também; só que como todos sabem o site do Clube é muito instável, e travou bem na hora da confirmação da compra, mas o valor foi debitado no cartão, eis que para minha surpresa houve o estorno da compra e quando tentei novamente os ingressos haviam esgotado. Fiquei desolada Até que conversando com diversas pessoas um rapaz falou que arrumaria um ingresso, mas que só conseguiria pegá-lo em Porto Alegre.”
“Compramos a passagem de ônibus para ir com a torcida um dia antes do jogo e só conseguimos ter o ingresso em mãos, horas antes do início da partida. Viajei na cara e na coragem para Porto Alegre. Foi um perrengue até conseguir o ingresso, mas valeu muito a pena. Ver ao vivo o drible do Cirino seguido do gol do Rony, aquela explosão da torcida me arrepia até hoje só de lembrar. No retorno da viagem ainda deu tempo de comemorar com o time na frente da Arena. Dias inesquecíveis”.
No entanto, sabemos que nem todos os namorados compartilham a paixão pelo futebol como Yasmin e Lethycia e isso pode afetar o relacionamento. Como lidar com isso? Flavio conta pra gente como é dividir a vida com Gleici, sua esposa, que não é uma apaixonada por futebol, mas até acompanha jogos com ele.
Um meio termo razoável é possível
Um casal héterossexual aqui, pode isso? Nosso slogan é “Uma torcida gigante é naturalmente plural”, porém, nesse caso aqui, cabe explicação: Flávio é bisexual, torcedor apaixonado do Athletico e membro Furacão LGBTQ há quase um ano.
Flávio ia nos jogos desde pequeno junto com seu tio e seu pai, em 2010 até chegou a ser sócio do CAP, mas o único jogo oficial
que foi nos últimos 11 anos foi a final da Sulamericana de 2018, porém mesmo a distância nunca deixou a paixão pelo Furacão morrer, nem mesmo quando conheceu sua outra paixão, a Gleici.
“Nós estamos juntos há sete anos e no começo eu definitivamente não entendia o por que o Flávio gostava de futebol, eu sempre detestei (e ainda não gosto muito), não deixava ele assistir os jogos nem usar camisa de time”. conta Gleici.
Com o tempo as coisas foram se encaixando e Flávio conseguiu equilibrar as duas paixões: “Ela entendeu que não sou nenhum torcedor fanático, mas que gosto muito de acompanhar e torcer pelo meu time, já consegui até levar ela para o estádio uma vez!”
E de fato isso ocorreu na final do Campeonato Paranaense sub-17 de 2019, entre Athletico e Londrina, registrado na foto acima. O jogo teve os portões abertos e foi a oportunidade ideal para mostrar o estádio para ela e para a filha do casal, Enya, que não gostou muito do barulho que a torcida organizada fazia.
Hoje eles estão assistindo alguns jogos juntos, mas com algumas regras: “Se quiser assistir o jogo, tem que ir fazendo massagem ou cafuné durante toda a partida, senão nada feito!” - brinca Gleici – “quem sabe até ele não volta a ser sócio quando a pandemia passar...”.
E isso tudo se construiu na base da conversa e do diálogo, de mostrar os pontos, de ficar junto. Hoje Flávio e Gleici são um casal mais unido do que nunca. Sem deixar o Athletico de lado!
Mas e quem não tem essa sorte? Dá um jeito, é que o Felipe conta pra gente!
Felipe ama Matheus e futebol, Matheus só ama o Felipe
Felipe tem 35 anos e é advogado, Matheus por sua vez, tem 24 anos e é estudante.
É possível dar certo um relacionamento entre um torcedor fanático do Athletico com um não-torcedor? É possível sim! E eles mostram como...
Felipe é conhecido por ter eternizado sua paixão no corpo com algumas tatuagens, já Matheus não é torcedor e não acompanha futebol, exceto quando seu namorado pede, mesmo que seja só de corpo presente, porque na verdade a concentração está nas telas do celular… e está tudo bem!
Eles estão juntos há um ano e Felipe não perdeu NENHUM jogo do Furacão durante esse tempo, já chegou a cancelar/adiar compromissos por conta de partidas! Foi conversando que eles se entenderam e Matheus até veste a camisa do clube às vezes, como podemos ver na foto,
Perguntamos a eles se houve algum momento cômico em que o CAP esteve em primeiro plano. Felipe nos contou que Matheus queria fazer uma surpresa pra ele, e justamente em dia de jogo. A surpresa aconteceu, mas metade do tempo foi destinado a assistir à partida que passava na TV.
De 0 a 10, a possibilidade de Matheus virar um apaixonado por futebol, de acordo com ele, é “4”, podia ser pior assim como poderia ser melhor… mas chegamos à conclusão que sim, é possível duas pessoas com níveis diferentes de paixão pelo futebol darem certo!
Tais relatos nos mostram que é possível conciliar a paixão pelo(a) companheiro(a) e pelo Athletico, basta diálogo, compreensão, altruísmo e empatia.
Nesse dia dos Namorados, celebre o amor de todas as formas!
Colaboração: Luan Fellipe, Alex Eduardo, Flávio Mueller
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