Desde a fundação da Furacão LGBTQ em novembro de 2019, esse é o segundo Dia Mundial do Orgulho que passamos juntos e de lá para cá muita coisa mudou. Sem ter muito o que comemorar enquanto torcedores do Athletico, no ano passado falamos um pouco sobre as conquistas do movimento LGBTQ em geral. Esse ano, enfim, poderemos contar como demos nossos primeiros passos rumo a um clube que respeite a diversidade e seja contrário ao preconceito e discriminação nos estádios.
Não é segredo para quem nos acompanha que até pouco tempo atrás, nosso coletivo não tinha nenhum contato com o Athletico e o clube não se mostrava disposto a ouvir e discutir nossas pautas, mas isso não foi impeditivo para que a gente pudesse continuar fazendo nosso trabalho de aproximação de LGBTs e conscientização de pessoas de fora da sigla, muito pelo contrário, continuamos trabalhando e trabalhamos muito. Fruto desse trabalho e das cobranças que fizemos junto a aliados que conseguimos nos aproximar, as coisas começaram a mudar a passos curtos, porém significativos.
Na manhã de 17 de maio deste ano, Dia Mundial de Combate a LGBTfobia, enviamos à diretoria do Athletico uma carta solicitando uma reunião para discutir a LGBTfobia nos estádios e um posicionamento do clube contra o preconceito no futebol. Algumas horas depois fomos informados que o clube já teria lido a carta e estava pronto para iniciar esse processo de discussão e mudança de posicionamento.
E então, pela primeira vez, de maneira espontânea e individual, o clube postou nas redes seu posicionamento contra a LGBTfobia e um pedido para que sua torcida respeitasse todas as formas de amar. Na noite desse mesmo dia, a Arena da Baixada foi iluminada com as cores que representam a luta LGBTQ.
Ambas as ações foram muito comemoradas pela ampla maioria da torcida nas redes sociais, as publicações com o posicionamento e as fotos da arena iluminada passaram a ser um dos posts mais curtidos do Instagram do Athletico em 2021, o que para nós deixa muito claro que nossa torcida também está pronta para esse novo momento do Clube.
Mais recentemente conversamos com o clube em relação a outra pauta nossa, a permissão para que casais homoafetivos pudessem optar pelo plano de sócios na modalidade família, e o clube nos garantiu que LGBTQs casados ou em união estável comprovada também podem optar pelo Sócio Família, podendo ainda colocar filhos/as naturais ou adotivos como dependentes. Segundo informações do clube, esse acesso sempre foi permitido, nós estamos divulgando porque a maioria dos casais LGBTQ não sabiam dessa possibilidade.
Ainda vale pontuar que estamos avançando nas conversas referente a outra pauta importante para nosso movimento: a permissão para que transexuais possam ter seus nomes sociais impressos na carteirinha de sócio ainda que a mudança de nome não tenha sido oficializada nos órgãos oficiais, uma vez que esse processo de mudança ainda é de difícil acesso no Brasil.
De maneira geral, fomos informados que hoje já é possível escolher qual nome o/a torcedor/a quer colocar na cadeira escolhida, mas o sistema do Athletico não permite que outro nome seja colocado no Smart Card de Sócio, uma vez que existe uma validação entre as informações do cadastro e da CELEPAR, a fim de trazer mais segurança.
Tudo isso mostra que essa discussão tem avançado aos poucos e nos dá esperança que em breve o Athletico irá mudar sua história, sendo um clube que verdadeiramente respeita a diversidade da sua torcida e não tolera nenhum tipo de preconceito.
Como dissemos na nossa carta, sabemos que a LGBTfobia nos estádios é um problema estrutural e que problemas estruturais exigem mais tempo e mais trabalho para serem superados, mas demos nossos primeiros passos nessa caminhada e hoje podemos dizer que temos #OrgulhoDasNossasConquistas.
Por: Higor Juan Bernardino
LAB da Furacão LGBTQ
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